terça-feira, 30 de setembro de 2008

O touro subiu no telhado

Correria, gritaria, quebradeira.O epicentro desse terremoto chamado capitalismo? Wall Street, Nova York. A quebra das bolsas trouxe a recessao que afetou as nações industrializadas e contagiou o mundo. Parece narrativa do Crash de 1929, mas se passou ontem mesmo, e seguiu Ásia, Europa e América Latina a fora. O Crash foi a primeira crise do capitalismo, mas esse sobreviveu porque o Estado norte-americano não sucumbiu à tentação socialista de intervir na economia. Deixou o mercado se virar. E se virou, claro que com uma ajuda de uma grande guerra mundial.

Mas a Wall Street dos últimos anos era muita gastança e pouca poupança. Especuladores apostaram com o dinheiro dos outros, declararam países bons e países maus, adquiriram companhias como se fossem liquidações, pagaram polpudas comições a executivos. O feroz touro de bronze, escultura símbolo de Wall Street, parecia mais um gato manso ontem.

Desta vez, a mão do Estado deve segurar a mão invisível do mercado. E vai? Deputados republicanos e democratas não se entenderam. Os primeiros acharam intervenção demais, os segundos não querem dar dinheiro do povo a banqueiro falido. Todos têm razão, até o governo Bush que criou o pacote de ajuda financeira que não passou no congresso. Aguarda-se melhor juízo em segunda votação.

Seria o fim do Capitalismo? ou só um ajuste de rumo, em um caso de proporções menos bíblicas do que parece, apesar de a Bovespa ter caído 10% e o dolar bater quase R$2,00?

Por ora, o dinheiro das Bolsas é o do caviar, não o leite. Quando essa ferida chegar na produção de leite, aí a preocupação se torna catastrófica.

Tudo está conectado, finanças idem. Se não há dinheiro para investir, sofrem Brasil e o mundo. Está na hora de os investidores de Wall Street prestarem mais atenção no mundo antes de o gato suba, de fato, no telhado.


Neto

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

BOLA DE NEVE

Eu geralmente me incomodo quando percebo que pessoas muito próximas a mim não conseguem arcar com críticas. Digo, não estão mais acostumadas ao sistema mais simples, aquele do parlamentarismo: ouvir duras críticas e rebatê-las, sem ter chiliques, tremeliques, ataques de pânico histriônicos e saltitarem acrobaticamente, água saindo pelos poros e olhos, Hoje, basta uma mera crítica, uma mera coisa que chamávamos de “discussão racional” e pronto: lágrimas e SURTOS PSICÓTICOS. Passos em círculos para todos os lados, berros, acusações em volumes de discoteca e dedos como se fossem canhões .
“Está estabelecido o conflito” – já não existe mais! Agora, depois de uma mera discussão existencial ou de um desabafo, a frase estaria mais pra “Está estabelecido o SURTO”!

Caramba, anda-se inflamado! E essa inflamação, pergunto eu, não seria fruto de pouca vivência em grupo? Ou de pouca noção Histórica? Sim, deve ser isso: pouca noção histórica. E ainda tem a indústria farmacêutica que está deixando todo mundo meio “surtado” e viciado em calmantes.

Também me incomodo quando vejo algum intelectual usando uma tragédia natural ou uma guerra, por exemplo, para traçar metáforas com o mundo fantasioso e lúdico do palco ou da prosa. No caso, então, estou incomodado comigo mesmo. Sou dramaturgo, sou dramático e estou apavorado com o que vejo com a passividade do mundo. “Qual passividade?”

As campanhas políticas são como as discussões caseiras ou de pessoa para pessoa, só que num macrocosmo: trata-se de explorar o que há de mais pobre e o de mais podre: a miséria humana, misturada ao mais puro sadismo e seus conchavos psicológicos para ver se “colam”. Jornalismo também é feito assim. Somos vítimas, leitores e retratados, em seus piores preconceitos e fetiches mal resolvidos.

As notícias têm como objetivo nos destruír, rasgarem a alma do ser humano com a falta de palavras/conteúdo ou perspectivas.

Não parece ser a vida hoje? Pois parece. Talvez seja a minha percepção de mundo, mas em perceber a situação que nunca esteve tão horrenda e o mundo nunca esteve tão calado.Ninguém mais relaciona uma foto a nada: ninguém mais relaciona conteúdo à forma de coisa alguma. Ninguém está nem aí com mais nada,tudo é relevante!!!

O ser humano virou um lixo informatizado, uma besta que lê computador e que quer consumir a última novidade aqui nas lojas caras sem nem ter idéia do que é ORIGEM, Um bando de seres com cremes caros nas caras com seus iPhones nas mãos checando nada e mandando seu chatsinhos pra nada e lugar nenhum e reclamando de barriga cheia, até que um dia….Até que um dia vira uma bomba. Até que um dia a casa cai. Até que um dia a morte chega perto. Até que um dia a cara do inimigo não será mais objeto ridículo de propaganda. E aí, quando a guerra aterrissar no quintal, todos exclamarão num uníssono “WOW, como isso pode acontecer????”

As múltiplas etnias estão sendo comprimidas a um só sólido bloco de lama e fezes. Isso se chama de força de trabalho. Mesmo indignado com a propaganda eleitoral e as eternas promessas e mentiras ainda não desisti: e mesmo assim essas interpretações literárias ou dramáticas de eventos catastróficos como política e História ainda me movem, mas também me incomodam profundamente porque conheço as repetições. Estou diante de uma fogueira de vaidades, e os fatos não mentem e… É, não há mesmo jeito de escapar de um paralelo dramatúrgico. Mas ainda não sei bem qual, já que ainda não há desfecho. Estamos sempre em pleno primeiro ato e ele não termina nunca!

E como a desgraça ainda está em progresso, digo as desgraças no mundo, e não se sabe aonde issso vai dar, não se pode compará-las a nada, absolutamente nada, mas nesse momento cada ser que se pronuncia por ter uma opinião parece ser tratado como um louco, um bárbaro tártaro vindo do buraco mais fundo da humanidade.